Modos de reprodução dos Anfíbios

Olá galera, vou falar neste artigo sobre o modo de reprodução dos anuros. O modo de reprodução dos anuros é bem diversificado por incrível que pareça, não é apenas "uma desova da fêmea seguida de esperma do macho"

Eleutherodactylus coqui
Na maioria dos anuros, a fecundação é externa; o macho usa as patas dianteiras para segurar a fêmea na região peitoral (amplexo axilar) ou na região pelvina (amplexo inguinal). O amplexo pode ser mantido por várias horas, ou mesmo dias, antes que a fêmea desove.

Os machos do sapo-de-cauda da costa noroeste da América do Norte (Ascaphus truei) têm uma extensão na cloaca (a "cauda" que lhe dá o nome) que é usada para introduzir o esperma na cloaca da fêmea.
A fecundação interna foi demonstrada no coqui porto-riquenho (Eleutherodactylus coqui) e talvez seja difundida entre os Anura que desovam em terra. A fecundação também deve ser interna nas poucas espécies de Anura vivíparos.

Os Anura mostram diversidade ainda maior que a dos Urodela em seus modos de reprodução. Está claro que hábitos reprodutivos similares evoluíram independentemente em diferentes grupos. Ovos grandes produzem filhotes grandes, que provavelmente têm mais chances de sobreviver que filhotes pequenos; mas os ovos grandes também requerem mais tempo para eclodir e ficam mais tempo expostos aos predadores. Assim, a evolução de ovos e filhotes grandes tem sido freqüentemente acompanhada pela evolução simultânea de comportamentos que protegem os ovos, e às vezes também os girinos, contra a predação.


Um estudo dos Anura da Floresta Amazônica revelou uma relação positiva entre a intensidade de predação dos ovos numa lagoa e a proporção de espécies de anuros da área que desovavam em ambientes terrestres (Magnusson e Hero 1991). Muitas espécies arboricolas (representadas na Figura 10-21 por Centrolenellá) põem seus ovos em folhas de árvores suspensas sobre a água. O desenvolvimento embrionário transcorre fora do alcance de predadores aquáticos de ovos e os girinos, quando eclodem, caem na água e adotam uma existência aquática. Outros anuros, como Physalaemus pustulosus, alcançam o mesmo resultado construindo ninhos de espuma que flutuam na superfície da água. A fêmea emite uma copiosa secreção de muco durante o amplexo, que o casal transforma em espuma batendo-a com os membros traseiros. Os ovos são depositados nessa massa de espuma e os girinos, quando eclodem, caem na água através da espuma.

Cursos Online 24 Horas - Cursos 100% Online com CertificadoEmbora esses métodos reduzam a mortalidade dos ovos, os girinos estão sujeitos à predação e competição. Alguns anuros evitam esses problemas encontrando ou construindo sítios reprodutivos livres de predação e competição. Algumas espécies, por exemplo, desovam na água que se acumula nas bromeliáceas - plantas epífitas tropicais que crescem em árvores e que são morfologicamente especializadas na coleta da água de chuva.

Uma bromeliácea de grande porte retém vários litros de água e é nesse micro-habitat protegido que os anuros passam pelos estágios de ovo e larva. Muitos Anura tropicais desovam em terra, perto da água. Os ovos ou girinos podem ser tirados desses ninhos quando o nível da lagoa se eleva após uma tempestade. Outras espécies constroem piscinas nas margens lamacentas de rios. Essas estruturas, com forma de vulcão, são preenchidas com água de chuva ou de drenagem e proporcionam um ambiente favorável aos ovos e girinos. 

Alguns Anura eliminaram completamente o estágio de girino. Essas espécies põem seus grandes ovos em terra, e estes se desenvolvem diretamente em pequenos anuros. Esse padrão é característico de cerca de 20 por cento de todas as espécies de anuros.

Referências: POUGH, F. H.; JANIS, C.M.; HEISER, J.B. A vida dos Vertebrados. Trad. [Ana Maria de Souza, Paulo Auricchio]. – 4° ed. – São Paulo: Atheneu Editora, 2008.