Sapo de Suriname: sem língua, reprodução diferente e aparência curiosa

Close da cabeça de um sapo suriname (Pipa pipa)

Um distintivo anfíbio da América do Sul, o sapo Suriname (Pipa pipa) é uma das sete espécies dentro do altamente incomum gênero Pipa. Os membros deste grupo são quase inconfundíveis e intrigantes, porque têm um corpo muito achatado. Ao contrário de muitas outras espécies de anfíbios, as espécies do gênero Pipa não se apoiam em suas patas dianteiras, em vez disso se caracterizam por adotar uma posição espalmada, com os braços e as pernas apontando para fora, como você pode ver na imagem abaixo:

Posição espalmada do sapo de Suriname (Pipa pipa) com as patas dianteiras esticadas.

O sapo Suriname possui algumas variações na coloração, com a sua cabeça e  variando de um castanho-escuro ao marrom-lama. Isso permite que o anfíbio seja capaz de se camuflar e esconder dos predadores na lama escura de seu habitat aquático. A parte inferior do sapo de Suriname é geralmente marrom claro e manchada com branco, ou, às vezes esbranquiçada com uma escura faixa marrom.

As espécies deste gênero possuem pequenos olhos sem pálpebras localizados na superfície superior da cabeça e estão orientados para cima  e muito afastados. Os retalhos de pele ou de curto tentáculos podem ser vistos nos cantos da mandíbula, no lábio superior próximo dos olhos, e no queixo. Embora a pele do sapo de Suriname esteja coberta de pequenas projeções como verrugas, ele ainda tem uma textura escorregadia.

Todas as espécies de do gênero Pipa tem grandes patas traseiras, musculosas, tornando-os nadadores poderosos, e o sapo de Suriname não é excepção. Apenas os membros posteriores desta espécie são palmados, tendo dedos longos e carnudos lóbulos em suas patas dianteiras, que auxilia levando o alimento até a boca. Este método de alimentação é extremamente necessário à esta espécie porque os sapos do gênero Pipa não possuem lingua!

Observe a forma dos membros dianteiros desta espécie que auxiliam na obtenção de alimentos.

O sapo de Suriname apresenta dimorfismo sexual, uma vez que existem diferenças entre os sexos, com o macho sendo geralmente menor do que a fêmea. Eles também são conhecidos como sapo comum de Suriname. 

Sinônimos: Pipa americana.
Espanhol: Aparo, Rana Comun De Celdillas, Rana Tablacha, Chinelo Sapo, Sapo Chola, Sapo De Celdas.

Tamanho: Comprimento Rostro-Cloacal - CRC: de 10 à 17 centímetros.

Biologia do Sapo de Suriname
Vivendo um estilo de vida quase completamente aquático, o sapo de Suriname é capaz de permanecer debaixo d'água por até uma hora sem sair para respirar. Como esta espécie é capaz de se camuflar em meio à lama escura de seu habitat muito úmido, seus pequenos olhos posicionados para cima são capazes de ver em todas as direções, permitindo que o sapo Suriname visualize e evite predadores.

O sapo de Suriname possui órgãos extremamente sensitivos nas pontas de seus dedos, que possibilita a percepção e detecção de suas presas que, em seguida, são levadas até sua boca grande e escancarada. A dieta desta espécie consiste principalmente de pequenos peixes e invertebrados.

Uma das características mais notáveis ​​do sapo Suriname é seu sistema de reprodução incomum e bastante elaborado. O acasalamento nesta espécie começa logo após o início da estação chuvosa, com o sapo macho proferindo uma série de chamadas às fêmeas antes de agará-las em uma posição conhecida como amplexo. Se a fêmea não está pronta para acasalar, ela indica isso tremendo.

O amplexo pode durar tanto tempo quanto 12 horas ou mais, durante o qual o macho e fêmea executam uma série de saltos fascinante na água. Após a excitação durante os saltos, a fêmea põe entre três e dez ovos, que depois caem sobre a barriga do macho. Como o macho solta suas patas ligeiramente, os ovos rolam para a fêmea, ficando numa substância esponjosa que ela produz, aderindo-os nela. Ao mesmo tempo, o macho fertiliza os ovos. Este processo é repetido até 18 vezes, e 60 ou até cerca de 100 ovos que serão fixados na fêmea antes de terminar o amplexo.

Após o último ovo ser fertilizado, os macho nadam, deixando a fêmea, que fica imóvel. A pele da fêmea gradualmente começa a inchar, e cresce em torno de cada ovo, eventualmente envolvendo completamente os ovos. Cada ovo encontra-se em seu próprio bolso, conhecido como bolsa de ninhada, que é coberto por uma camada fina e resistente de aspecto rugoso, dando a fêmea uma aparência de favo de mel. Os embriões se desenvolverão dentro de suas bolsas e passarão pelo processo de metamorfose, tornando-se girinos, deixando a mãe somente quando atingirem tamanho suficiente para romper a bolsa que os protegem. Acredita-se que o sapo de Suriname pode viver entre 7 e 10 anos, ou talvez mais.

Dorso de uma fêmea  da espécie Pipa pipa com dezenas de ovos fertilizados.

Dorso de uma fêmea  da espécie Pipa pipa com aparência de favo de melcom várias bolsas rompidas pelos girinos.

Veja algumas outras foto da espécie:


 


Artigos acessados:
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  2. Rafferty, J.P. (Ed.) (2011) Reptiles and Amphibians. Britannica Educational Publishing, New York.
  3. Vitt, L.J. and Caldwell, J.P. (2013) Herpetology: An Introductory Biology of Amphibians and Reptiles. Academic Press, Amsterdam.
  4. Bartlett, R.D. and Bartlett, P.P. (2007) Frogs, Toads, and Treefrogs: Everything about Selection, Care, Nutrition, Breeding, and Behavior. Barron’s Educational Series, New York.
  5. Burton, M. and Burton, R. (2002) International Wildlife Encyclopedia. Marshall Cavendish, Singapore.
  6. EDGE of Existence - Myers’ Surinam Toad (August, 2012)
    http://www.edgeofexistence.org/amphibians/species_info.php?id=572
  7. Badger, D.P. (2004) Frogs. Voyageur Press, Minneapolis, Minnesota.
  8. Bartlett, P.P., Griswold, B. and Bartlett, R.D. (2001) Reptiles, Amphibians, and Invertebrates: An Identification and Care Guide. Barron’s Educational Series, New York.
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  10. AmphibiaWeb - Pipa pipa (August, 2013)
    http://amphibiaweb.org/cgi/amphib_query?where-genus=Pipa&where-species=pipa&account=amphibiawebb
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  12. Carreno, C.A.and Nishikawa, K.C. (2010) Aquatic feeding in pipid frogs: the use of suction for prey capture. The Journal of Experimental Biology, 213(12): 2001-2008.
  13. Rabb, G.B. and Snedigar, R. (1960) Observations on breeding and development of the Suriname toad, Pipa pipa. Copeia, 1: 40-44.
  14. Ouboter, P.E. and Jairam, R. (2012) Amphibians of Suriname. Brill, The Netherlands.
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