Teiú - Tupinambis sp.

Tupinambis merianae

O teiú, também conhecido popularmente como tiú, tejú ou tegu é um réptil do grupo Squamata (que além dos lagartos, inclui os anfisbênios e as serpentes). Os teiús são membros da família Teiidae, que se distribui ao longo das Américas, com mais de 100 espécies descritas (30 delas no Brasil). O gênero Tupinambis ocorre em quase toda a América do Sul e inclui alguns dos maiores lagartos americanos. Hoje são conhecidas sete espécies: Tupinambis duseni, T. longilineus, T. merianae, T. palustris, T. quadrilineatus, T. rufescens e T. teguixin.

A) Tupinambis duseni. B) Tupinambis quadrilineatus. C) Tupinambis longilineus.


Tupinambis merianae possui a maior distribuição dentre as espécies do gênero, sendo encontrada do sul da Amazônia ao norte da Patagônia, a leste dos Andes. No Brasil, está presente nos biomas Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia, sendo que também foi introduzido em algumas ilhas Essa espécie de teiú possui corpo cilíndrico e robusto, podendo atingir até 1,4 metros de comprimento e peso de 5 Kg. A cabeça é comprida e pontiaguda, com mandíbula forte e a cauda é longa e musculosa. Possui coloração negra com faixas amareladas na região dorsal do corpo, na cabeça e membros. Já o ventre é branco com pequenas manchas negras mais claras.

Hábitos e alimentação

Tupinambis merianae ocupa principalmente áreas abertas e bordas de mata. No interior de florestas, sua presença parece estar relacionada às áreas de clareiras. É terrestre e raramente sobe em árvores após atingir a fase adulta. O teiú também costuma frequentar áreas antrópicas, podendo invadir galinheiros para comer ovos e pintinhos. Tem atividade diurna e é heliotérmico (expõe-se ao sol para elevar a temperatura corporal). Procura seu alimento ativamente no chão, com o auxílio da língua bífida, que capta partículas de cheiro do ar.

Quando se sente ameaçado, pode ficar imóvel e tentar se camuflar no ambiente ou fugir rapidamente. Mas quando se sente encurralado, desfere fortes mordidas e chicotadas com a cauda. Se agarrado pela cauda, o teiú, assim como outros lagartos (mas nem todos), pode se desfazer dela (e escapar com vida), num processo conhecido como autotomia. Dentro de algumas semanas, uma nova cauda substitui a antiga. Tupinambis merianae é onívoro, ou seja, come praticamente de tudo. Na natureza, se alimenta de frutas, ovos, larvas, vermes, insetos e até carniça! A ampla dieta e a adaptabilidade a ambientes pouco preservados indicam que Tupinambis merianae é uma espécie oportunista, o que ajuda a explicar sua ampla distribuição.
A) Teiú forrageando/ B) Quando ameaçado pode desferir mordidas


O teiú pode atuar como dispersor de sementes, já que se desloca por grandes áreas à procura de alimento durante o forrageamento, possibilitando a distribuição das sementes em locais propícios para germinação e estabelecimento. Aves de rapina, felinos selvagens e serpentes são alguns dos predadores dos teiús na natureza. Em cativeiro, esta espécie pode viver por mais de 15 anos.

Reprodução
O teiú é ovíparo e a reprodução aparentemente ocorre ao final da estação seca. O tamanho da ninhada varia de 30 a 36 ovos, que eclodem após 60 a 90 dias de incubação. Os filhotes são esverdeados, muitas vezes confundidos com o adulto de outra espécie de Teiidae, o calango Ameiva ameiva (à direita da foto abaixo).









Você Sabia?
Tupinambis merianae é uma das espécies-problema do arquipélago de Fernando de Noronha, e mais um exemplo de como a introdução de espécies exóticas em ilhas pode acarretar em grandes transtornos e desestruturar o frágil equilíbrio ecológico desse tipo de ambiente. Na década de 1960, foi introduzido um casal dessa espécie no arquipélago com o objetivo de controlar as populações de sapos e ratos, introduzidos em anos anteriores. Como o teiú tem hábitos diurnos e suas supostas presas são noturnas, o controle não foi bem sucedido e o lagarto encontrou um ambiente adequado ao seu desenvolvimento e reprodução. Com recurso alimentar em abundância e ausência de predadores, a população de  T. merianae no arquipélago continua crescendo, causando um grande impacto nas populações das tartarugas e aves marinhas, das quais o lagarto se alimenta dos ovos e filhotes. 


 
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