Este post foi retirado do Artigo: Investigando os peixes nos livros didáticos de ciências do ensino fundamental de Berenice Vahl VANIEL & Marlise de A. BEMVENUTI.
Livro 1: GOWDAK, D. & MARTINS, E. 1996. Ciências: Natureza e Vida. FTD.
Ao analisar esta obra observou-se, na página 180, no item 2.2 que os autores dizem “Todos os peixes possuem escamas”, nesse caso, é importante salientar que muitos peixes não possuem escamas, como os agnathas viventes (as lampréias e feiticeiras) bem como alguns teleósteos (bagre) e algumas raias. Na página 82, no ítem “Circulação respiração e excreção” os autores colocaram em apenas um parágrafo, três nomenclaturas novas, tornando o texto de difícil compreensão para alunos que estão cursando a 6a série. O assunto tornar-se-ia mais interessante, caso o conteúdo “circulação” fosse apresentado sem usar, em um primeiro momento as palavras átrio, ventrículo e sangue venoso. Pela prática pedagógica, percebe-se que, quando se inserem palavras que o aluno não compreende o significado, ele passa a decorá-las não entendendo o mais importante que é o fenômeno em questão. Só após a compreensão do conteúdo “circulação”, os termos devem ser inseridos, caso necessário.
Na página 183 no item 2.6 “Reprodução” o texto dos autores é meramente descritivo, começando assim: “Os sexos são separados e a fecundação pode ser interna ou externa...”, não explica o que é fecundação interna, nem externa. Acredita-se que poderia se aguçar mais a curiosidade do aluno se fosse dado um outro enfoque, abordando inclusive as diversas estratégias que os peixes utilizam para manter a espécie viva, relacionar a quantidade de ovos que cada uma coloca, com o tipo de cuidado parental que elas desenvolvem.
No que se refere à flutuação os autores dizem “Quando essa bolsa, denominada bexiga natatória, está cheia de gás, a densidade do peixe diminui e ele flutua facilmente. Quando ela está com menos gás, o peixe afunda”. E mais abaixo complementa “Ela funciona de modo semelhante aos tanques de lastro de um submarino. Quando estão cheios de ar, o submarino flutua; quando estão cheios de água, o submarino afunda”. Em primeiro lugar, este é um assunto muito delicado, pois para entender flutuação dos peixes, o aluno precisa, antes, ter bem claro, os conceitos de massa, peso, densidade, empuxo, pressão, flutuação e compressão de gases. O professor deverá com cuidado e astúcia, perceber se o aluno já tem incorporado a capacidade de abstração, pois os autores tentam simplificar e não utilizam uma situação dinâmica para explicar, complicando a vida dos alunos e professores. É importante salientar que bexiga natatória existe na maioria dos peixes ósseos, e que ela tem realmente a função de ajudar na flutuação. Portanto, aqueles peixes que vivem no fundo não precisam de bexiga natatória como é o caso do linguado. Essas relações com o ambiente são necessárias, pois elas esclarecem bastante a função de determinado órgão e o tipo de vida que o peixe leva, ao fazer estas correlações o conteúdo torna-se significativo para o aluno.
Em relação ao funcionamento da bexiga natatória, quando o peixe desce na coluna d’água a pressão externa aumenta e o gás da bexiga natatória é comprimido, tendendo a diminuir o volume da bexiga natatória, como a massa corporal permanece a mesma, a densidade (relação massa/volume) aumenta, isso faz com que o peixe fique mais pesado e tenda a afundar mais rapidamente do que ele quer. Para isso não acontecer, a bexiga natatória precisa encher de gases. Quando o peixe sobe na coluna d’água a pressão externa diminui e o volume da bexiga natatória aumenta, aumentando o empuxo para cima; então, a bexiga natatória precisa eliminar gases para manter sua flutuabilidade neutra.
Segundo o (PNLD) o tema principal de cada unidade desta obra é abordado de maneira clara e seqüencial, há preocupação em discutir alguns saberes prévios e experiências socioculturais. Mencionam alguns problemas relacionados ao conteúdo, mas apesar disso, “o livro possui propostas interessantes de atividades experimentais, possibilitando um trabalho didático em sala de aula, desde que o professor esteja atento para superar as deficiências apontadas”.
É pessoal, esse artigo só me deixou uma frase: "Caramba, como a Educação do Brasil é um lixo!