Os Elasmobranchii Hipotremata (Grego hypo = abaixo e trenta = fenda) - as raias - são mais diversificadas que os tubarões. Aproximadamente 456 espécies viventes de raias são atualmente reconhecidas (Figura 5-8). O conjunto de especializações, característicos das raias, relaciona-se com a antiga adoção de hábitos bentônicos, e durofágicos (Latim dum = duro e Grego phagus = comer). Praticamente todos os dentes são compostos por coroas achatadas, que formam placas dentígeras. Geralmente a boca é protraída muito rapidamente, fornecendo uma sucção poderosa, utilizada para desalojar os invertebrados com conchas do substrato.
O achatamento dorso-ventral de seus corpos e a extensão lateral de suas nadadeiras peitorais fornecem uma ampla área sobre a qual estão distribuídas as ampolas de Lorenzini. Expansões da região cranial do corpo também são encontradas em muitos grupos de tubarões, incluindo os tubarões-martelo, e podem aumentar a habilidade de detectar campos elétricos e magnéticos. As raias têm uma longa história de isolamento filogenético a partir das linhagens dos tubarões viventes, mas parecem ter derivado dos esqualóides. Um conjunto de espécies especializadas, provavelmente pertence a linhagem esquatinóide, formas viventes especialistas de fundo de Squalea, e ilustram de que maneira pode ser um estágio intermediário na transição para raias. Estudos moleculares recentes, alguns ainda não publicados, indicam que as raias não são parentes próximos de qualquer tubarão vivente, mas formam uma ciado distinto de evolução elasmobrânquios que se separou do ancestral de todos os tubarões modernos. Nem todos os sistematas aceitam essa evidência molecular e as relações de parentesco entre raias e tubarões permanece não resolvida.
As raias são distinguidas por suas caudas e por seus modos de reprodução. Algumas raias têm uma cauda alongada, porém larga, a qual sustenta duas nadadeiras dorsais e uma nadadeira caudal terminal (Figura 5-8a). Um determinado grupo de raias (Figura 5-8b) apresenta uma cauda em forma de chicote onde as nadadeiras foram substituídas por um espinho dorsal grande, serrilhado e venenoso. Formas derivadas, tais como as raias da família Dasyatidae, apresentam alguns poucos espinhos mais alongados e venenosos na base da cauda, derivados de escamas placóides modificadas.
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As raias são similares por serem achatadas dorso-ventralmente, com cartilagens radiais que se estendem até os limites das nadadeiras peitorais bem aumentadas. Os elementos basais, mais craniais, se fundem com o condrocrânio na frente do olho e, entre si no resto da cabeça. As raias nadam por meio da ondulação das nadadeiras peitorais muito expandidas. As escamas placóides, tão características do tegumento dos tubarões, estão ausentes em grandes áreas dos corpos e das nadadeiras peitorais das raias. Os poucos dentículos dérmicos remanescentes geralmente são grandes e formam escamas alargadas denominadas escudos ao longo da linha dorsal mediana.
As raias alimentam-se fundamentalmente de invertebrados bentônicos (ocasionalmente capturando pequenos peixes). Muitas raias repousam sobre o substrato e cobrem-se com uma fina camada de areia. Permanecem durante horas parcialmente enterrados e, praticamente, invisíveis, exceto por seus olhos proeminentes, os quais verificam os arredores. As maiores raias, assim como os maiores tubarões, também se alimentam de plâncton. O peixe-diabo, ou a raia manta ou jamanta, da família Mobulidae, chegam a 6 metros de largura (Figura 5-8d). Estas raias, altamente especializadas, nadam em mar aberto com movimentos de batimento (para cima e para baixo) das nadadeiras peitorais, filtrando o plâncton da água. A dentição de muitas raias bentônicas é sexualmente dimórfica.
Dentições distintas, associadas com o tamanho geralmente maior das fêmeas, pode reduzir a competição por recursos alimentares entre os sexos, mas não foram encontradas diferenças nos conteúdos estomacais. Já que um macho utiliza os dentes para segurar, ou para estimular, a fêmea antes e durante a cópula, a seleção sexual pode entrar em ação. Machos da raia Dasyatis sabina apresentam dentes fortes, tais como os das fêmeas, durante boa parte do ano, mas durante o período reprodutivo, os machos desenvolvem dentes com cúspides afiadas, usados na corte.