Todos nós sabemos que diversos poluentes por si só podem ser nocivos para diversas espécies de animais, agindo diretamente sobre elas, ou, muitas vezes indiretamente. Um caso muito interessante de ação indireta de poluentes sobre espécies animais, é o famoso caso das aves afetadas pelo DDT (diclorodifeniltricloroetano) em meados da década de 1970.
O falcão peregrino (Falco peregrinus) é uma ave de rapina particularmente distinta e bela com uma distribuição quase mundial. Até a década de 1940, aproximadamente 500 casais se reproduziam de modo regular no leste dos EUA, e cerca de 1.000 casais no Oeste do México.
No final dessa década, o numero de indivíduos da espécie começou a declinar rapidamente. Por volta de 1970, a espécie quase desapareceu, havendo uma redução de 80-90% da população original nos EUA e México, e os falcões peregrinos foram listados como uma espécie ameaçada de extinção.
No final dessa década, o numero de indivíduos da espécie começou a declinar rapidamente. Por volta de 1970, a espécie quase desapareceu, havendo uma redução de 80-90% da população original nos EUA e México, e os falcões peregrinos foram listados como uma espécie ameaçada de extinção.
O declínio populacional afetou também diversas outras aves de rapina e a causa desse problema não era encontrada, sendo observado que este problema ocorria em decorrência na deficiência das espécies afetadas em gerar prole normal. Havia muitos ovos quebrados nos ninhos. Após longos estudos ecológicos, a causa foi identificada: havia um considerável acúmulo de DDT (diclorodifeniltricloroetano) nas aves, um pesticida amplamente utilizado em diversos cultivos. Possivelmente este pesticida contaminou as sementes e os insetos consumidos por aves pequenas, acumulando-se em seus tecidos. Estas aves por sua vez eram capturadas e consumidas por outras aves maiores, como as aves de rapina afetadas, afetando a capacidade de reprodução das mesmas, causando a ocorrência de ovos com casca fina, sendo mais susceptíveis à quebra.
Em 1972 o DDT foi banido dos EUA e diversos programas foram desenvolvidos para recuperar as populações das aves afetadas, sendo reproduzidas em cativeiro. Foram liberados na natureza cerca de 4.000 falcões peregrinos em decorrência destes programas. Hoje esta espécie está se reproduzindo com sucesso em grande parte dos EUA e não é mais considerada como ameaçada de extinção. Na Grã-Bretanha a recuperação teve tanto sucesso que a espécie foi considerada como "praga" por criadores de pombos e observadores de aves canoras.
Quadro 13.1 "Econsiderações Atuais - A poluição e a espessura da casca
dos ovos das aves" do livro Fundamentos em Ecologia 3ª ed. de Townsend, Begon & Harper (2010).