Desde os primórdios da existência humana, a busca por recursos e condições favoráveis de sobrevivência sempre foram o motivo maior dos esforços da espécie humana, assim como todas espécies lutam para sobreviver e deixar descendentes.
Ao longo da evolução humana, com o aumento das tecnologias aplicadas ao modo de vida humano, a taxa de mortalidade diminuiu drasticamente, enquanto as taxas de natalidade aumentaram muito, tornando a sobrevivência humana muito mais fácil, mesmo com as doenças, ferimentos e má formações, aumentando a taxa de crescimento global.
Estou lendo o livro "Fundamentos em Ecologia - 3ª Edição" do Townsend, Begon e Harper e no capítulo 12 "Sustentabilidade" é abordado este tema, sobre quais são os limites do planeta frente ao crescimento constante da população humana mundial. Será que o planeta nos suportará mesmo com as práticas sustentáveis? Por quanto tempo ele nos suportará? Essas e outras perguntas podem ser respondidas logo abaixo, através de uma série de estudos que os autores do presente livro citam.
Existem vários problemas em torno da população humana global, onde podemos salientar alguns principais abaixo:
1. O tamanho atual da população humana é insustentavelmente alto. No ano de 200 d.C. quando haviam cerca de 1/4 de bilhão de pessoas na terra, Quintus Septimus Florens Tertullianus escreveu "nós somos onerosos, os recursos quase não são suficientes para nós". Em 2005, o total estimado para a população mundial era de 6,5 bilhões de pessoas (Nações Unidas, 2005).
2. Insustentável não é o tamanho da população humana, mas a sua distribuição sobre a terra. A fração da população humana atualmente vivendo na zona urbana cresceu de 3% em 1800 para 29% em 1950 e 47% em 2000. Cara trabalhador rural deve fornecer alimento para si e para um habitante da cidade, em 2050, ele terá que fornecer para dois habitantes da cidade (Cohen, 2005).
3. Antes revolução agrícola do século XVIII, a população mundial levou cerca de 1.000 anos para duplicar. Hoje, a população humana tem duplicado a cada 39 anos (Cohen 2001).
4. Insustentável não é só o tamanho da população humana mundial, mas também a distribuição da idade. Nas regiões "desenvolvidas" a população de idosos (acima de 65 anos) cresceu de 7,6% em 1950 para 12,1% em 1990. Esta proporção aumentou drasticamente após o ano de 2010.
5. Insustentável não é o tamanho da população humana mundial, mas a distribuição de recursos dentro dela. Em 1992, os 380 milhões de habitantes dos países "desenvolvidos" desfrutaram de uma receita média anual de aproximadamente 22.000 dólares, enquanto que os países "menos desenvolvidos" tiveram apenas 1.600 dólares e os 2 bilhões de pessoas dos países pobres desfrutaram de apenas 400 dólares ao longo do ano.
Porém, Cohen salientou que muitas estimativas estão associadas aos terrenos biologicamente produtivos, água, energia, alimentos, etc, tendo uma única dimensão, gerando dificuldades associadas a todas elas, onde um impacto de um fator depende do valor dos outros. Por exemplo, se a energia for abundante mas a água for escassa, a água do mar pode ser dessalinizada e transportada para outros lugares, porém isso não seria possível onde a energia é muito cara. Além disso há diferenças em relação a quantidade de terra disponível para ocupar e a quantidade de terra que uma pessoa considera "aceitável" para viver, fazendo com que as estimativas variem.
O caminho que temos a seguir é único: devemos agir urgentemente, mudar nossos modos de vida, reaproveitar o possível e reduzir o consumo, ter somente o necessário para viver com conforto e segurança, e acima de tudo, agir com responsabilidade ambiental, economizando recursos evitando o desperdício e o consumo desenfreado de coisas que muitas vezes são apenas luxo e não nos acrescentam em nada.
Em muitos países as pessoas quando vão trocar de carro, dão o carro velho de entrada, como parte do pagamento pelo carro novo. O carro velho é desmontado, suas peças são reaproveitadas e a sucata origina novas peças e acessórios para os carros novos que serão fabricados. Já aqui no Brasil, por exemplo, os carros usados circulam até apodrecerem totalmente e até quando não for mais possível se deslocar com os mesmos, e então estes são aglomerados em ferro-velhos. O aço, que compõe grande parte dos veículos, não tem limites de reciclagem, ele pode ser reciclado várias vezes e à partir dele pode-se criar novas peças o tempo todo. É o que ocorre na China, Japão, EUA, e alguns países da Europa, onde até a circulação de carros velhos nas ruas é proibida, de tal forma que as pessoas trocam de carro sempre que podem e com muita facilidade, porque as peças dos seus carros antigos sempre estarão em boas condições, para serem aproveitadas na fabricação de carros novos. Esta é uma importante forma de redução de custos na fabricação de veículos novos, e consequentemente uma gera uma grande redução no consumo de diversos recursos naturais.
Veja o vídeo abaixo que pode complementar o que eu mencionei acima:
POPULAÇÃO MUNDIAL 400 A.C. – 1985 D.C.
As doenças, atualmente, são concebidas pela Organização Mundial da Saúde, como as principais ameaças a bem-estar humano. Consideremos as crescentes epidemias de tuberculose, HIV e AIDS e as mortes causadas por malária, podemos observar que as doenças se desenvolvem melhor em populações mais densas, e devemos muito nos alertar a isso. Mas, talvez, pelo jeito que andam as coisas, uma epidemia que reduzisse grande parte da população humana, poderia ser a chave para agirmos de modo diferente, respeitando os limites da natureza e valorizando tudo que ela nos oferece. Pois mesmo que tentemos fazer o correto, sempre haverão os gananciosos, os capitalistas, prontos para derrubar, destruir e poluir, tudo em prol do maldito dinheiro, que destrói o que mais temos de precioso: o nosso lar, o planeta.
Todas as sugestões que podemos dar para a capacidade suporte global depende exclusivamente das escolhas que faremos para nós e para os outros. A maioria das pessoas escolheriam viver ao menos tão bem quanto vivemos no presente, porém a população global poderia escolher para todos nós, vivermos tão bem quanto as pessoas dos países desenvolvidos? A resposta para qualquer questão que possamos dar para a capacidade suporte do planeta depende do que queremos dizer com ela, afinal, a definição dos autores do livro (Townsend, Begon & Harper) para a "capacidade de suporte global" está longe de ser compreendida.
Nós desejamos que todos possam usufruir dos recursos que o planeta oferece, principalmente nossos descendentes, mas o que fazemos para garantir que nossos descendentes tenham os mesmos recursos que temos disponíveis agora?
O que você pode fazer para ajudar a conservar os recursos naturais do planeta para as futuras gerações? Como você pode cuidar do planeta? Você faz a sua parte?
Essas e outras perguntam são motores que movem a busca de novas tecnologias para que possamos aplicá-las à produção sustentável e a exploração sustentável de diferentes recursos, para que possamos ter qualidade de vida e, ao mesmo tempo, para que possamos viver em harmonia com a natureza, pois sem ela e todos os seus recursos, nós não existiríamos.
Nós não podemos mensurar qual a verdadeira capacidade suporte do planeta ou quantas pessoas podem viver nele, mas nós sabemos que do jeito que estão as coisas, nossas expectativas futuras não são muito boas. Então, que possamos cada vez mais agir de forma rápida e buscar aumentar a qualidade de vida de tal forma que possamos reciclar mais, reduzir o consumo e gerenciar de forma sustentável a oferta de recursos naturais. Só assim poderemos garantir que nossos descendentes desfrutem dos mesmos recursos que temos, ou, que possamos ainda, oferecer qualidade de vida e um ambiente preservado muito além do que temos agora.
Eu quero fazer minha parte, escolhi a biologia para ajudar o planeta. E você, como quer fazer sua parte?