Os desafios para Conservação da Biodiversidade no Brasil

O Brasil é uma das lideranças mundiais quando se discute sobre os problemas globais. Com um vasto território e uma economia relativamente estável e em crescimento, o país tem todos os elementos para liderar o conjunto dos países tropicais rumo a um modelo de desenvolvimento diferente. Somente com uma mudança no modelo de desenvolvimento os países tropicais poderão fazer frente aos efeitos negativos das transformações globais desde a Revolução Industrial. 

A melhor forma de liderança é o bom exemplo. Lamentavelmente, o governo brasileiro continua desperdiçando boas oportunidades para mostrar que é capaz de mudar seu modelo de desenvolvimento como uma estratégia para solução de grandes problemas globais. Os casos de desperdício são inúmeros, as quais se ilustrarão exemplos de como o governo tem tratado com descaso um dos maiores patrimônios da sociedade brasileira: a biodiversidade. 

A estrutura de pesquisa sobre biodiversidade no Brasil é insuficiente
A estrutura para pesquisas disponíveis sobre o patrimônio biológico brasileiro é curta e não condiz com o que é necessário para que um país que tem nos recursos biológicos um de seus maiores patrimônios públicos. Não há nenhum programa nacional de integração de dados de informações sobre a biodiversidade brasileira. As instituições de pesquisa lutam dia a dia contra a falta de recursos para a manutenção de suas coleções biológicas e de laboratórios onde é feita toda pesquisa sobre a biodiversidade. Não há incentivo, sequer estrutura. O número de cientistas que desejam dedicar-se a sistemática reduz-se a cada ano, gerando uma crise permanentemente de renovação de quadros nessa área estratégica do conhecimento. Sem um programa nacional de biodiversidade, o Brasil continuará a desperdiçar a oportunidade de construir uma economia forte, baseada no uso sustentável de sua diversidade biológica. 

O número de espécies ameaçadas é muito maior do que o reconhecido pelo governo federal

E mesmo assim nenhum programa coerente para evitar a extinção destas espécies foi proposto até hoje. 

A Paleontologia indica pelo menos 5 grandes períodos de extinções em massa. A curta história da nossa espécie pela Terra é avassaladora. Nunca antes uma espécie única conseguiu influenciar negativamente tantas outras de uma vez só. Cientistas alertam para o fato de estarmos promovendo a sexta grande extinção. O governo federal reconhece 627 espécies de animais e 472 espécies de plantas ameaçadas de extinção. Recentemente com grande esforço de pesquisa de botânicos brasileiros demonstrou que, pelo menos para as plantas são num total de 2.291 espécies de plantas raras brasileiras a beira da extinção. Dessa forma, nota-se que é cinco vezes maior que o valor descrito pelo governo. Faltam iniciativa, criatividade, compromisso e coragem para transformar as listas de espécies ameaçadas de extinção em instrumentos efetivos para orientar ações de escala para evitar a extinção em cascata dos elementos mais sensíveis da biodiversidade brasileira.

Borboleta 88 (Diaethriaclymena), vive principalmente no parque de Foz do Iguaçu e é cada vez mais rara. 

Onça Pintada (Panthera onca),está na lista de 627 espécies de animais em extinção. 

Arara Azul (Anodorhynchus hyacinthinus) retratada no filme RIO como foco principal no alerta da extinção da espécie. 

O que poderia ser um modelo mundial de responsabilidade na gestão efetiva do território brasileiro transformou-se em mais um ato de desleixo do governo central em relação ao patrimônio biológico do país. 

Artigo publicado na revista Scientifican American Brasil, de José Maria Cardoso da Silva, Adrian Antonio Garda, Thaís Kasecker. 2010.

Por Luiz Henrique Valverde

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