Você sabe o que é uma galha? Não é "galha de árvore" pois o certo é Galho de Àrvore, mas então o que é galha? E o que os insetos tem a ver com isso? Estudos sobre padrões de distribuição e diversidade de insetos herbívoros têm indicado que insetos galhadores não se enquadram na hipótese do gradiente latitudinal, que prevê maior riqueza de espécies com a diminuição da latitude (Price et al., 1998). Ao contrário da maioria dos grupos estudados, os insetos galhadores apresentam maior riqueza em latitudes intermediárias, em habitats quentes e com vegetação esclerófila do tipo mediterrâneo. Este tipo de vegetação inclui o ‘chaparral’ (Estados Unidos), ‘fynbos’(África do Sul) e a maioria das fitofisionomias do Bioma Cerrado (Brasil). Estes ambientes são caracterizados por alta incidência de radiação solar, disponibilidade irregular de água, baixo teor de nutrientes no solo e estão sujeitos a queimadas constantes durante a estação seca (Eiten, 1972; Ferri, 1977; Goodland & Ferri, 1979; Silva et al., 1986; Secco & Lobo, 1988; Silva & Rosa, 1990; Silva et al., 1996).
Segundo Fernandes & Price (1991, 1992), insetos galhadores provavelmente tiveram taxas maiores de especiação e radiação em ambientes áridos e pobres em nutrientes, já que galhas estão comumente associadas a plantas esclerófilas. Estas apresentam folhas com alto conteúdo de compostos fenólicos e baixos teores de nutrientes (Sobrado & Medina, 1980; Fernandes & Price, 1991). Devido às restrições nutricionais, químicas e filogenéticas, plantas esclerófilas dificultam a sua utilização por herbívoros de vida livre (Coley, 1983, 1987; Coley & Aide, 1991; Ribeiro et al., 1998). Todavia, a esclerofilia não funciona como barreira para a colonização de insetos galhadores.
Por serem previsíveis no espaço e no tempo, a utilização de plantas esclerófilas aumenta a probabilidade de colonização e sobrevivência da prole (Fernandes et al., 1994). Além disso, os nutrientes podem ser manipulados para se concentrarem no tecido do qual a larva se alimenta, representando ainda um espaço livre de inimigos naturais, como predadores e patógenos (Fernandes & Price, 1988, 1991). O conhecimento da riqueza de insetos galhadores e flora associada, em ecossistemas tropicais, é importante para o entendimento e determinação de padrões globais de distribuição deste grupo de herbívoros. Entretanto, poucos estudos têm sido realizados nas regiões tropicais enfocando este aspecto. No Brasil, estes estudos foram iniciados por Tavares (1915, 1917a e b, 1922) e importantes contribuições foram dadas posteriormente por Fernandes et al. (1988, 1995, 1996, 1997), Maia & Monteiro (1999), Maia (2001) e Maia & Fernandes 2004.