A iridescência – um fenômeno luminoso causado por diferentes formas de refração da luz, que forma um arco íris na superfície – acaba de ser detectada na pele de toupeiras douradas.
Além dos “olhos brilhantes” dos mamíferos noturnos, a descoberta marca a primeira evidência de iridescência em mamíferos. E outra surpresa: as toupeiras douradas são completamente cegas.
“Elas são muito sedosas, e tem quase uma aparência metálica e brilhante, com cores que vão do azul ao verde”, comenta o coautor do estudo, Matthew Shawkey.
Shawkey pensou em estudar as toupeiras douradas depois que uma aluna dele, Holly Snyder, escreveu sua tese sobre a iridescência. Snyder é a autora principal do novo estudo.
Para que ele fosse realizado, os cientistas pegaram pelos de quatro espécimes da toupeira. Usando equipamentos altamente tecnológicos, como microspia de elétrons, eles analisaram as estruturas dos pelos, até os mínimos elementos.
E eles determinaram que os pelos são sim iridescentes. Em seguida, descobriram que cada pelo tem um formato achatado com pouca escala cuticular, o que oferece uma superfície boa para a reflexão. As escalas formam camadas múltiplas de luz.
Modelos ópticos sugerem que essas camadas agem como refletores que produzem a cor a partir da interferência da luz. A sensitividade desse mecanismo explica a variedade de cores.
O que permanece um mistério é porque animais cegos têm esse pelo tão cativante.
Os ancestrais das toupeiras tinham visão, então é possível que a iridescência seja uma herança desses tempos. “Entretanto, esses animais já estão consideravelmente longe de seus ancestrais, então tem que haver algum tipo de pressão seletiva, para manter sua cor intacta”, comenta Shawkey.
Outra possibilidade é que o pelo afasta predadores. Mas Shawkey diz que o brilho “os deixaria mais atraídos”, gerando o efeito inverso. As toupeiras não são venenosas, então a coloração não serve como aviso de perigo.
Os pesquisadores realmente pensam que a iridescência é um produto da composição do pelo, já que sua estrutura permite aos animais uma boa circulação pela lama e areia.
“Muitas das nanoestruturas que produzem as cores iridescentes têm propriedades não ópticas, como rigidez e repelimento da água”, explica Shawkey. “No caso das toupeiras, claramente não há uma função de comunicação, então é um produto do pelo”.
A iridescência existe há pelo menos 50 milhões de anos, desde que besouros com essa coloração única foram descobertos. Um pássaro iridescente, com pelo menos 40 milhões de anos, também foi documentado, assim como antigas conchas. Hoje alguns pássaros, cobras e peixes apresentam o fenômeno.
No futuro, Shawkey e sua equipe esperam estudar melhor a iridescência, e enter sua função nas toupeiras e em outros espécies. [MSN]
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