A estatística é sem sombra de dúvidas a parte que mais assombra os alunos de graduação em biologia. Isso ocorre porque todos nós temos certa dificuldade com os números, é normal. Quantas pessoas você conhece que se dá bem com os números? Uma pesquisa revelou que a nossa dificuldade com a matemática pode ter uma causa genética, e, talvez isso explique porque tantas pessoas no mundo não gostam dos números.
Mas, e daí? Se você ficou contente com essa notícia e agora quer justificar a sua fuga constante da matemática, ou melhor, da estatística, pode tirar o cavalinho da chuva. Eu não sou um nerd na biologia e muito menos um nerd com os números. Na verdade, desde que me conheço por gente, eu simplesmente odeio odiava os números. Porém, assim como uma pessoa que acorda para a vida e vê que estava totalmente perdida, eu pude acordar para a estatística. Eu estava fazendo tudo errado no começo do curso, temendo desde o primeiro semestre a bendita estatística e isso eu pude ver em vários e vários cursos através de muitas amizades que fiz: a galera simplesmente odeia a estatística e também a pobre física!
Foi então que eu parei, refleti muito sobre o meu futuro e pensei no seguinte: eu quero ser um pesquisador, quero fazer ciência, produzir conhecimento, quero ser um grande profissional biólogo, será que quando eu for iniciar a minha jornada científica, eu vou ter que pagar algum estatístico para analisar os meus dados? Será que eu vou ter que pagar uma pessoa para me dizer o que os meus dados estão dizendo? E se essa pessoa interpretá-los errado? Eu vou passar por isso? Eu não vou ser competente o suficiente para aprender analisar os meus próprios dados? Que cientista/pesquisador eu vou ser?
Desde então, consegui entender a importância dos números na vida de um biólogo, pelo menos na de um futuro cientista/pesquisador. No mestrado, essa minha concepção só se reforçou: agora eu adoro os números, mesmo tendo uma tremenda dificuldade. Recomendo para quem quer aprender estatística, o livro Princípios de estatística em ecologia, do Gotelli.
PORQUE VOCÊ DEVE ADORAR OS NÚMEROS
Toda pesquisa científica atualmente se baseia nos princípios estatísticos. Antes os pesquisadores já conheciam a importância da matemática, da estatística. Os grandes naturalistas, como Darwin, em seus estudos realizavam muito mais observações e descrições do que qualquer outro pesquisador hoje em dia, e, eles em seus escritos diziam que tinham dificuldades com os números e não sabiam quais eram as melhores formas de interpretar seus dados no ponto de vista matemático.
Vocês conhecem o delineamento experimental, não é? Por exemplo, para cada variável amostrada no seu estudo, você deve coletar pelo menos 10 amostras. Ou seja, se você for estudar a característica de fragmentos florestais em determinada região e for analisar as variáveis: altura da serra pilheira, circunferência acima do peito, densidade de árvores, disponibilidade de frutos e pH do solo, você vai ter 5 variáveis e então, terá que coletar 50 vezes pelo menos (10 coletas para cada uma das 5 variáveis). Além disso, as suas amostras precisam ser independentes! Amostras independentes são amostras que não estão 'pseudoreplicando', ou seja, são amostras distantes o suficiente entre elas, que garantam que você capture a maior variedade de dados e não colete dados repetidos e próximos. Por isso, é muito importante a aleatorização das amostragens. Se você não aprendeu isso ainda, em breve aprenderá, e verá: a estatística é muito importante antes mesmo de iniciar um estudo.
Você sabia disso? Que a sua pesquisa deve se basear em princípios estatísticos? Se você não respeitar esses princípios estatísticos, você pode perder todos os seus dados, pois, em algum momento eles terão de ser analisados e quando chegar esse momento, verá que fez tudo errado, pseudoreplicando as suas amostras, invalidando os seus dados, ou, coletando poucas vezes em relação às suas variáveis amostradas. Entende? Você não pode simplesmente 'pensar em uma pesquisa' e iniciá-la ignorando esses princípios.
Nós, sem os números, não somos nada. Se a sua pesquisa não é descritiva, como você acha que vai apresentar os seus dados? Você não precisa de estatística para descrever uma espécie de inseto, por exemplo, mas, você precisa de estatística para descrever um estudo detalhado contendo várias variáveis.
A estatística fornece a essência de nossos estudos, ela possibilita reduzir todos os conjuntos de dados que obtivermos, em apenas uma ou duas dimensões, por meio de gráficos diversos, tabelas ou simples valores de probabilidade, etc. A estatística só vem para ajudar. Por exemplo, em meu projeto de mestrado, eu quero ver como o veado-mateiro (Mazama americana) se distribui em uma determinada região e se a sua distribuição está relacionada ou não com as características das manchas florestais (vou tomar várias variáveis dessas manchas). Caso esteja relacionada com determinadas características das manchas, eu vou procurar entender quais são essas características, quais dessas características são mais importantes no ponto de vista estatístico e no ponto de vista biológico, para este cervídeo. Eu irei monitorar os animais com colares GPS e vou obter cerca de 150 pontos de localização por dia. Nesse caso, como eu lidarei com esses milhares de pontos geográficos e com os milhares de dados que vou coletar dos locais onde os animais estão deslocando? Conseguem pensar em algo, sem envolver a estatística, a matemática? Não, porque a estatística surgiu por causa dessa necessidade - nós precisamos entender o que um conjunto de dados complexos estão dizendo.
A estatística fornece a essência de nossos estudos, ela possibilita reduzir todos os conjuntos de dados que obtivermos, em apenas uma ou duas dimensões, por meio de gráficos diversos, tabelas ou simples valores de probabilidade, etc. A estatística só vem para ajudar. Por exemplo, em meu projeto de mestrado, eu quero ver como o veado-mateiro (Mazama americana) se distribui em uma determinada região e se a sua distribuição está relacionada ou não com as características das manchas florestais (vou tomar várias variáveis dessas manchas). Caso esteja relacionada com determinadas características das manchas, eu vou procurar entender quais são essas características, quais dessas características são mais importantes no ponto de vista estatístico e no ponto de vista biológico, para este cervídeo. Eu irei monitorar os animais com colares GPS e vou obter cerca de 150 pontos de localização por dia. Nesse caso, como eu lidarei com esses milhares de pontos geográficos e com os milhares de dados que vou coletar dos locais onde os animais estão deslocando? Conseguem pensar em algo, sem envolver a estatística, a matemática? Não, porque a estatística surgiu por causa dessa necessidade - nós precisamos entender o que um conjunto de dados complexos estão dizendo.
Estudando ecologia eu vi como os números são extremamente importantes. A matemática na ecologia é tudo. Não podemos falar de ciência hoje em dia sem falar de matemática e estatística, e isso vale para qualquer outra área da biologia. Isso é parte da ordem natural das coisas, todos os professores e pesquisadores sabem "o básico de estatística" (ao nível de suas pesquisas), é inevitável. Ou você aprende ou passa vergonha.
É vergonha para um pesquisador ter que pagar para alguém analisar seus dados, ou, pedir para um aluno isso. Já pensou você coletar 3 anos de pesquisa em um doutorado e pagar alguém para dizer o que os seus dados dizem? É lógico, muitas pessoas pedem ajuda para outras que já entendem, mas, se você não souber quais critérios e princípios estatísticos foram utilizados nas análises de seus dados, você nem sequer vai conseguir interpretá-los, mesmo tendo na sua frente vários gráficos, tabelas, com vários valores. Se alguém fizer um teste para você, e um professor perguntar: "Como você chegou a esse resultado? Que teste utilizou? O que dizem esses valores?" E ai, o que você responderia? "Espere ai professor, vou ligar para o meu amigo estatístico"?
Entende? Ao longo do processo de obtenção de conhecimento, principalmente na pós graduação, a estatística vai sendo anexada aos nossos estudos, gostando dela ou não. Portanto, o melhor conselho que eu poderia dar a vocês, por eu ter uma tremenda dificuldade com os números, é: odeie a estatística mas nunca a deixe de lado. Quer ser um pesquisador? Aprenda essa bendita estatística!
Eu estou disposto a aprender, vou comprar uns livros, estou lendo algumas (das várias e várias ) apostilas e arquivos sobre estatística disponíveis na net, em sites de universidades, em blogs de outros biólogos, etc. Vocês devem fazer o mesmo. O interessante é não se dar por vencido, pois, este é apenas um processo no qual todo pesquisador deve passar. Sem estatística, nossa ciência não é nada. :)
Agora, pare de reclamar, baixe o programa R e comece a fazer testes através dos materiais disponíveis abaixo. Tenho certeza que se você começar seguindo esses passos e lendo esses artigos recomendados, com certeza vai dar um gigante passo na graduação. Lembre-se: a estatística é fundamental!
Agora, pare de reclamar, baixe o programa R e comece a fazer testes através dos materiais disponíveis abaixo. Tenho certeza que se você começar seguindo esses passos e lendo esses artigos recomendados, com certeza vai dar um gigante passo na graduação. Lembre-se: a estatística é fundamental!
Bioestatística usando o R: apostila de exemplos para biólogos
Introdução a biometria utilizando o R
Blogs sobre o R
Blog do biólogo e oceanógrado Antonio O. Ávila
Blog Estatística no R
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