Isto não é uma cobra, é um dos melhores exemplos de mimetismo que eu já vi

'Dynastor darius' é uma lagarta de aparência curiosa. Seu corpo verde e longo é pontuado por uma cabeça distintamente preta, coberta de pelos. Porém, essa aparência é rapidamente modificada durante o processo de metamorfose e ela então se transforma em uma crisálida de aparência muito, mas muito, interessante - com uma aparência semelhante à uma cobra. Essa nova aparência é tão interessante, que eu particularmente achei um dos melhores exemplos de mimetismo.

Foto: Andreas Kay


Nativa de Trinidad, essas crisálidas podem ser encontradas fixadas na parte de baixo das folhas da floresta. Você já deve ter ouvido falar em lagartas que mimetizam cobras, como a linda Triptolemus hemeroplanes, mas, ver uma crisálida como esta, tão semelhante a uma serpente...é outra coisa. Durante 13 dias, as crisálidas ficam parecidas com a cabeça de uma víbora do Gabão (embora as cobras não sejam nativas de Trinidad).

Embora ter uma aparência de cabeça de serpente seja convincente o suficiente para enganar até mesmo nós por um momento, a principal vantagem desse mimetismo é o fato da crisálida ser capaz de perceber movimentações ao seu redor. Deste modo, quando um possível predador se aproxima (causando vibrações nas folhas, etc) ela pode se mover e parecer ainda mais com uma serpente. Qualquer predador imediatamente fugirá de uma serpente.

Foto: Andreas Kay

Foto: Andreas Kay


E esta é a mariposa Dynastor darius adulta!

Fonte: Nerdologist

Primeiro peixe de sangue quente é descoberto

Pesquisadores descobriram o primeiro peixe que pode manter todo o seu corpo quente, bem como mamíferos e aves. O opah, ou moonfish (conhecido também como peixe-lua por causa de seu formato), vive em águas profundas, frias, mas ele gera calor de seus músculos peitorais robustos. Ele conserva esse calor graças a gordura corporal e a estrutura especial de vasos sanguíneos em suas guelras.

"É uma adaptação notável para um peixe", diz Diego Bernal, um fisiologista de peixes da Universidade de Massachusetts, Dartmouth, que não esteve envolvido no estudo.


A água toma o calor da maioria das criaturas. Então, os peixes permanecem com uma temperatura tipicamente igual à temperatura da água em que nadam. Isso, por sua vez, limita as suas funções biológicas em água mais frias, especialmente em termos de resistência cardiovascular. Há exceções parciais, como o atum, o peixe agulha, e alguns tubarões que podem aumentar temporariamente a temperatura de seus músculos do corpo, enquanto se movimentam e caçam em águas com temperaturas inferiores, mas eles devem voltar para as águas mais quentes para que a sua temperatura central volte ao normal.

O opah (Lampris guttatus) não se parece com um predador feroz. Este peixe, que possui cerca de um metro de comprimento, nada batendo suas barbatanas peitorais. Ele vive nos oceanos de todo o mundo, mas pouco se sabe sobre a sua biologia. Ele caça lulas e peixes, tipicamente de 50 m a 200 m abaixo da superfície, em que a água possui temperatura entorno de 10 ° C e é mais fria que a superfície. Em 2012, Owyn Snodgrass, um biólogo de pesca com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, em San Diego, Califórnia, coletou um opah ao largo da costa da Califórnia, como parte de uma pesquisa regular. Ele ofereceu as brânquias ao seu colega Nicholas Wegner, um fisiologista peixes.

NOAA FISHERIES WEST COAST

As brânquias foram armazenadas em um balde plástico de 20 litros por alguns meses antes de Wegner começar a estudá-la. "Percebi imediatamente que havia algo único", lembra ele. Os peixes têm apenas alguns grandes vasos sanguíneos que levam sangue das e para as brânquias, onde os vasos minúsculos captam o oxigênio dissolvido na água. Mas o opah tem uma elaborada rede de vasos sanguíneos minúsculos, em que as artérias ficam ao lado de veias em matrizes hermeticamente embaladas.

Este arranjo das artérias e veias emparelhados é conhecido como uma "rete mirabile", ou "excelente líquido", e muitas vezes funciona como um permutador de calor em contracorrente em outras espécies. Vasos que transportam sangue quente transferem o seu calor para o sangue frio em vasos que vem de volta das extremidades. Este truque anatômico ajuda aves aquáticas minimizar a perda de calor quando seus pés estão na água fria; algumas baleias têm permutadores de calor semelhantes em suas línguas. O atum, o peixe agulha, e certos tubarões usam esta "rete mirabile" para manter seus músculos quentes.

O opah é o primeiro peixe descoberto com uma rete mirabile em torno de suas brânquias. Esse permutador de calor das brânquias é envolto em uma camada de gordura com 1 centímetro de espessura, o que é incomum em peixes. Presumivelmente, ela tem uma função de isolamento térmico.

Wegner, Snodgrass, e seus colegas decidiram medir a temperatura de opah no mar. Eles descobriram que a temperatura média do corpo estava a cerca de 5°C mais quente do que a água a partir do qual eles foram pegos, como eles relataram no artigo publicado na revista Science.

Os pesquisadores também mediram a temperatura muscular em peixes vivos enquanto nadavam. Para fazer isso, eles pegaram opah usando um anzol e linha, implantaram um monitor de temperatura para os músculos peitorais, e os deixou nadando por algumas horas. Mesmo a água estando a 4°C, os músculos permaneceram com temperatura entre 13°C e 14°C.


Uma maior temperatura corporal deve proporcionar diversas vantagens, incluindo natação mais poderosa e melhor resistência. Como outros pesquisadores relataram, em 2009, o cérebro e os olhos do opah são ainda mais quente do que o resto do corpo, graças a um pequeno permutador de calor em contracorrente na base de seu crânio. O sangue flui para os olhos é aquecido por músculos do olho especializados que geram calor sem contratação, uma característica encontrada apenas em peixes.

Isso tudo fez Wegner suspeitar que o opah é um predador ativo, ao contrário dos outros predadores residentes que tendem a emboscar presas. Com a visão aguda, tempos de resposta rápidos, e resistência, o opah pode perseguir lulas e peixes rápidos como as barracudas.

Wegner e seus colegas têm coletado dados de comportamento desses peixes nadando livremente, usando sensores que se desprendem dos opah 2 dias depois e flutuam na superfície. Mas ainda há muito a ser aprendido sobre esta criatura de sangue quente misteriosa que tem dominado as profundezas frias. "Ele nos mostra como os peixes podem se adaptar de maneira surpreendente", diz Wegner.

Fonte: Science

Morcegos abrem a boca para concentrar seus feixes ultra-sônicos

Para morcegos, muitos ecos podem ser como ter uma visão embaçada. Isso porque essas criaturas noturnas navegam através do ultra-som que emitem aos arredores, o que nós chamamos de ecolocalização. Em lugares pequenos, esses sons podem reverberar, criando um fundo ruidoso que obscurece a vista sonora desses mamíferos voadores.

Morcego bebendo água, durante a pesquisa. Foto: Jens Rydell

Agora, uma nova pesquisa publicada on-line nos Anais da Academia Nacional de Ciências, descobriu uma maneira que os morcegos possuem de superar este problema auditivo. Os cientistas descobriram que os animais modificam a largura dos seus impulsos de navegação durante o voo, ajustando o tamanho da abertura de sua boca no momento da emissão dos ultra-som.

Os pesquisadores usaram um conjunto de câmeras, flashs e gravadores de ultra-som para tirar fotos de morcegos enquanto eles desciam para tomar água em uma lagoa do deserto em Israel. Quando os morcegos desceram em direção às margens da lagoa, eles abriram ainda mais a boca para concentrar seus pulsos sonoros.

Eles estreitaram suas bocas, projetando um feixe de ultra-som até quatro vezes maior do que o normal durante seus voos noturnos. Estes efeitos contra-intuitivos se deram devido a difração, que faz com que as ondas sonoras viajem através de um pequeno feixe e se espalhem muito mais no ambiente. Os pesquisadores repetiram o experimento com morcegos em cativeiro e encontraram o mesmo efeito, controlando a possibilidade de que eles tinham observado um comportamento vinculados a beber água. A equipe escreve que essas mudanças na emissão de ultra-som permite que os animais deem um "zoom" na visão de uma área, reduzindo potencialmente a quantidade de ecos que se originam em um espaço pequeno.

Fonte: Science

O biólogo precisa aprender inglês?

Oi, Guellity e demais membros do EQB! Meu nome é Amanda, curso ensino médio e pretendo ser bióloga. A minha dúvida é a seguinte: os biólogos precisam aprender inglês para terem melhores oportunidades de emprego, assim como nas outras profissões? Eu pretendo fazer consultorias e depois ser cientista.

Olá, Amanda. Tudo bem? Bom, por mais estranho que possa parecer, a minha resposta é: depende! Depende porque cada caso é um caso e as situações podem ser muito diferentes entre as mais variadas áreas de atuação da biologia. Em algumas situações, a pessoa pode passar a vida inteira lidando apenas com brasileiros, com o português, podendo nunca precisar falar inglês ou até mesmo  nunca precisar ler algo em inglês durante o dia-a-dia no trabalho. Deste modo, não há necessidade de aprender inglês, até porque se a pessoa é concursada e já tem uma vida estabelecida, o inglês não lhe daria um aumento salarial, por exemplo.


Porém, em alguns casos, o inglês é mais do que importante - é essencial. E isso vale para as principais áreas da biologia, como por exemplo a de consultoria ambiental e a de pesquisa onde você pretende atuar. Quer ver só?

Na consultoria, por exemplo, por mais que você atue apenas no território brasileiro, em vários momentos você vai precisar procurar por conteúdos online ou trabalhos de pesquisa que te auxiliem a identificar determinados organismos ou que te ofereçam outras informações úteis - e grande parte desses materiais podem estar somente disponíveis em inglês. Vamos supor que você está realizando um levantamento de fauna e encontra uma espécie de roedor que é diferente das que você já conhece e então você suspeita que ela seja nova para aquela região. Quando você for procurar por informações precisas e confiáveis sobre espécies de roedores no Brasil, possivelmente a maioria delas estarão em inglês, pois é a língua científica universal. É lógico que existe muito material em português, livros, guias de identificação, pesquisadores e especialistas para poder consultar e tirar as dúvidas, mas, ainda assim, em alguns momentos você vai precisar do inglês.

Quando o assunto é pesquisa, então, o inglês é essencial! Todas as publicações relevantes e de grande impacto são escritas em inglês, para atingir um maior número de pessoas possível. Dessa forma, se você tem interesse em ser pesquisadora, eu recomendo fortemente que faça um curso de inglês ou que comece a estudar sozinha mesmo, desde já.

No youtube existem muitos canais com ótimas informações, mas um bom curso de inglês, com um bom professor, é indispensável. Eu comecei a fazer um curso e gostei muito, é o curso online de inglês do professor Jerry Costa.

Espero ter ajudado, Amanda!
Abração e bons estudos.

Compreendendo a resposta do corpo a vermes e alergias

Uma pesquisa da Universidade de Manchester tem contribuído com mais um passo no desenvolvimento de novas terapias para controlar a resposta do organismo a alergias e infecções parasitárias.

Em um artigo publicado na Nature Communications, o professor Andrew MacDonald e sua equipe do Centro Colaborativo de Pesquisa em Inflamação de Manchester descobriu uma nova maneira em que as células imunes controlam a inflamação durante a infecção causada por vermes ou uma reação alérgica, como a asma. "É importante entender como este tipo de inflamação é controlada, pois ele pode ser muito prejudicial e, em alguns casos, levar a condições prejudiciais de longo prazo", disse o professor Andrew MacDonald.

Uma célula dendrítica (azul) se comunicando com outra célula de defesa.
Fonte: cell.com

O professor MacDonald explica as razões por trás de sua obra: "Apesar das infecções por vermes e alergias exercerem um impacto global devastador, juntamente com a falta de vacinas eficazes ou tratamentos refinados, o conhecimento básico dos tipos de células e mediadores-chave que controlam a imunidade e a inflamação contra qualquer condição é atualmente muito limitado."

Para estudar como a inflamação é controlada, a equipe analisou células dendríticas - um tipo específico de célula do sistema imunológico que participa ativamente no combate aos vermes ou alergias. A principal função das células dendríticas é reconhecer o agente infeccioso e se comunicar com outras células de defesa para a combatê-lo, incluindo a inflamação.

O que não se sabe é exatamente como as células imunes se ligam no tipo de inflamação encontrado durante as infecções por vermes ou alergias.

O professor MacDonald e sua equipe estudaram as células dendríticas nos modelos de laboratório e com animais para ver como elas foram ativadas por vermes parasitas ou alérgenos pulmonares tais como ácaros.

Eles encontraram uma proteína particular denominada Mbd2 que é fundamental para que a células dendríticas se liguem à inflamação. Quando a proteína foi removida, isso resultou em células muito diferentes com uma capacidade diminuída de se ligar drasticamente à inflamação.

A equipe verificou que a proteína Mbd2 também é capaz de influenciar uma vasta gama de genes importantes para vários aspectos da função de células dendríticas sem alterar a sua sequência de DNA, o que significa que é um regulador Mbd2 epigenético (ou seja, que se mantem na célula mesmo após várias divisões celulares).

O professor MacDonald ainda explica: "Pela primeira vez nós identificamos que esta proteína é um controlador-chave de células dendríticas durante a inflamação contra vermes parasitas ou alérgenos. É um passo importante, pois, como todas as inflamações não são idênticas, os cientistas tentam entender quais células específicas. e produtos químicos são mais importantes na resposta do organismo à infecções específicas. No passado, os medicamentos tiveram uma abordagem ampla, que afeta todos os aspectos de uma condição em vez de ser direcionada. No futuro, pode ser possível criar medicamentos que controlam a inflamação causada especificamente por uma alergia ou um verme parasítico. Com bilhões de pessoas afetadas por ambas as alergias e infecções por vermes em todo o mundo, é vital que nós desenvolvamos melhores métodos de tratamento. Esse avanço também é importante para combater a inflamação causada por doenças a longo prazo, tais como a asma."

Fonte: Science Daily / Veja o artigo científico.

A misteriosa reprodução da lula-vampiro

Um dos mais misteriosos animais das profundezas do oceano vive catalogado em um laboratório no Museu de História Natural de Santa Bárbara (Califórnia, EUA). Recipientes recheados com apêndices gelatinosos alinham as prateleiras de uma sala, do chão ao teto, e os olhos turvos parecem ver através do álcool conservante. A etiqueta na prateleira diz: Vampyroteuthis infernalis - a famosa lula-vampiro.

© 2004 MBARI

Normalmente, não há luz do sol no habitat da lula-vampiro. Com cerca de 30 cm de comprimento, ela vive juntamente com vários outros animais de aparência curiosa, em profundidades que variam de 500-3000 metros, em uma zona onde o oxigênio é baixo e fótons são raros.

Sobreviver numa escuridão asfixiante, de acordo com um novo estudo, tornou a estratégia de reprodução da lula-vampiro diferente de qualquer um de seus parentes, o que possivelmente possibilitou o seu amplo tempo de existência na Terra.

"O estudo nos deu uma maneira totalmente nova de entender como alguns cefalópodes reproduzem, e também nos deu a primeira visão sobre a extensão da vida deste animal", diz Kathrin Bolstad, uma especialista em cefalópodes (teutologista/teutóloga) da Universidade de Auckland na Nova Zelândia, que não estava envolvida no trabalho. "Cada pedacinho minúsculo do quebra-cabeça sobre os animais do fundo do mar, que possamos juntos unir, é um avanço fantástico."

Apesar do nome, a lula-vampiro não é um predador agressivo, nem se alimentam de sangue. Ela desliza lentamente através das profundezas, alimentando-se de detritos e plâncton. "Ele tem um ritmo lento de vida", diz Henk-Jan Hoving, biólogo marinho do Centro Helmholtz de Pesquisa Oceânica em Kiel, Alemanha. Hoving vem estudando lulas por mais de uma década. Ele notou que a coleção do museu continha um grande número de fêmeas, que puderam lhe permitir desvendar as especificidades da estratégia reprodutiva dessa misteriosa lula.

Foto: David Shultz
Duas lulas vampiro conservadas em álcool no Museu de História Natural de Santa Barbara.

Sua pesquisa, publicada na revista Current Biology, sugere que diferentemente da maioria dos cefalópodes, a lula vampiro passa por vários ciclos reprodutivos durante a sua vida. Isto contrasta dramaticamente com outras espécies de lulas e polvos, que se reproduzem em um evento espetacular e morrem logo em seguida. Vários eventos de desova são muito menos custosos e se adequam ao estilo de vida de baixo consumo energético desta lula. "Eu não acho que esse ritmo lento de vida permita que um grande evento de desova reprodutiva aconteça como nas outras espécies", diz Hoving.

Para o novo estudo, Hoving e colegas dissecaram 47 lulas fêmeas. Similar aos seres humanos, as células somáticas da lula amadurecem no ovário e são apoiadas por uma concha de células conhecidas como folículo. O óvulo imaturo é finalmente lançado durante a ovulação, mas os folículos são deixados para trás. Felizmente para a equipe, o ovário reabsorve esses folículos pós-ovulatórios, muito lentamente nas lula-vampiro, permitindo que os pesquisadores contem e caracterizem os diferentes lotes de ovos produzidos pelas fêmeas maduras.

Usando os folículos de desovas da lula-vampiro, os pesquisadores puderam fazer várias descobertas surpreendentes. Em primeiro lugar, ao contrário de todas as outras lulas, a lula-vampiro tem uma fase de repouso gonadal, ou seja, há momentos em que o ovário não tem óvulos em crescimento ou maduros. Os autores suspeitam que o período de descanso entre os lotes de ovos permite que as fêmeas armazenem energia suficiente para iniciar um novo ciclo reprodutivo. Além disso, parece que os ovos em desenvolvimento podem ser reabsorvido pelo ovário, permitindo economizar energia.

A visão sobre a vida reprodutiva das lulas também ajudou Hoving e sua equipe a refinar suas estimativas sobre quanto tempo os indivíduos podem viver. A maioria das fêmeas no acervo do museu ovularam cerca de 38 vezes e continham células reprodutivas suficientes para mais 65 ovulações. "Se assumirmos de 38 à 100 eventos desova durante a vida, a duração do estágio adulto é de pelo menos de 3 à 8 anos nestes espécimes, com o tempo de vida total superior a estes números," escreveram os autores. Bolstad afirma que o estudo "nos deu o primeiro insight sobre a possível extensão de vida que deste animal pode ter."

Há, no entanto, um monte de fatos desconhecidos que precisam ser respondidos antes de o tempo de vida poder ser confirmado com mais certeza. Os pesquisadores ainda não sabem quanto tempo leva um folículo para ser reabsorvido completamente. Eles também não sabem qual o tempo da fase de repouso gonadal, o tempo entre eventos de desova, ou quanto tempo leva um ovo para atingir a maturidade. "Seria bom manter os animais em laboratório vivos por tanto tempo quanto possível para tentar descobrir o quão rápido eles crescem", diz Hoving.

Infelizmente, o estudo não foi capaz de identificar quaisquer tendências em quando ou onde a desova ocorre. Mesmo sendo muito tentador entender como a lula-vampiro se reproduz em locais específicos na escuridão total, tal descoberta vai ter que esperar, mas a espera é provavelmente o que a lula vampiro faz de melhor.

Fonte: Science

Comunicação para cientistas - Parte 2

Como cientista, você deve compartilhar seu trabalho de pesquisa com os outros cientistas e sociedade através de várias formas. Provavelmente a mais exigente dessas formas é o artigo publicado em uma revista científica. Esses artigos têm elevados padrões de qualidade e eles são formalmente divulgados e arquivados. Por conseguinte, constituem valiosas referências. De fato, o número de artigos que você publica e sua importância (como sugerido por seu fator de impacto) são muitas vezes vistos como um reflexo de suas realizações científicas. Escrever artigos científicos de alta qualidade leva tempo, mas é um tempo bem investido.


Como você deve ter notado, no entanto, muitos trabalhos científicos não conseguem se comunicar com eficácia para o seu público. Eles se concentram mais nos autores, em vez dos leitores, ao não esclarecerem a motivação para o trabalho ou incluindo detalhes desnecessários. Ou eles tentam impressionar os leitores, em vez de informá-los. Como resultado, eles são interessantes ou compreensíveis por apenas um pequeno conjunto de leitores altamente especializados. Artigos científicos eficazes, ao contrário, são interessantes e úteis para muitos leitores, incluindo os recém-chegados ao campo.

Este conteúdo é parte de um ebook da revista Nature. Não se esqueça de ver a primeira parte dele, publicada aqui no blog: Comunicação para cientistas - Parte 1.

Esta unidade irá ajudá-lo a escrever melhores artigos científicos em Inglês. Em particular, ele irá ajudá-lo a selecionar e organizar o seu conteúdo, elaborar o seu artigo, e rever a sua escrita de modo que seu trabalho final seja útil para um público amplo - não apenas alguns especialistas.

1. PREPARANDO O ARTIGO CIENTÍFICO

Os artigos científicos são produzir para partilhar o seu próprio trabalho de pesquisa original com outros cientistas ou para rever as pesquisas realizadas por outros. Como tal, eles são essenciais para a evolução da ciência moderna, em que o trabalho de um cientista é constrúido sobre o dos outros. Para alcançar seu objetivo, os artigos devem ter por objetivo informar e não impressionar. Eles devem ser de fácil leitura - que é, claro, precisa e concisa. Eles são mais propensos a serem citados por outros cientistas se eles são úteis, em vez de crípticos ou egocêntricos.

Os artigos científicos normalmente têm dois públicos: em primeiro lugar, os avaliadores, que ajudam o editor da revista a decidir se um artigo é adequado para publicação; e, segundo, os próprios leitores de revistas, que podem ser mais ou menos bem informados sobre o tópico abordado no artigo. Para ser aceito pelos avaliadores e citado pelos leitores, os artigos devem fazer mais do que simplesmente apresentar um relato cronológico do trabalho de investigação. Em vez disso, eles devem convencer seu público que a pesquisa apresentada é importante, válida e pertinente a outros cientistas no mesmo campo. Para isso, eles devem enfatizar tanto a motivação para o trabalho e o resultado dele, e devem incluir elementos de prova suficientes para estabelecer a validade desse resultado.

Artigos que relatam trabalho experimental são muitas vezes estruturados cronologicamente em cinco seções: a primeira é a Introdução, em seguida, Materiais e Métodos, Resultados e Discussão (em conjunto, estas três seções compõem o corpo do artigo), e, finalmente, a Conclusão.

A seção de Introdução esclarece a motivação para o trabalho apresentado e prepara os leitores para a estrutura do artigo.

A seção de Material e Métodos fornece detalhes suficientes para que outros cientistas possam reproduzir as experiências apresentadas no documento. Em algumas revistas, esta informação é colocada em um apêndice, porque não é o que a maioria dos leitores querem saber primeiro.

As seções de Resultados e Discussão apresentam e discutem os resultados da investigação, respectivamente. Elas são muitas vezes úteis combinadas em uma seção única, porque os leitores raramente podem compreender os resultados sozinho, sem interpretação de acompanhamento - e por isso é preciso muitas vezes dizer o que os resultados significam.

A seção de Conclusão apresenta o resultado do trabalho e da interpretação dos resultados a um nível mais alto de abstração do que a discussão, relacionando essas conclusões à motivação afirmada na Introdução.

(Trabalhos relatando algo diferente dos experimentos ou investigações, como um novo método ou tecnologia, tipicamente têm seções diferentes em seu corpo, mas eles incluem as mesmas seções de Introdução e Conclusão, como descrito acima.)

Embora a estrutura acima reflita a progressão da maioria dos projetos de pesquisa, trabalhos eficazes tipicamente quebram a cronologia em pelo menos três maneiras de apresentar o seu conteúdo na ordem em que o público provavelmente irá querer lê-lo. Em primeiro lugar, eles resumem a motivação para a realização do estudo, e apresentam o resultado do trabalho em um Resumo (abstract), localizado antes da Introdução. Em certo sentido, eles revelam o começo e o fim da história - brevemente - antes de fornecer a história completa. Em segundo lugar, as partes que são mais detalhadas ou menos importantes vão para a extremidade do artigo, em um ou mais apêndices  (em anexo ao artigo), de modo que estas partes não ficam no caminho dos leitores. Finalmente, eles estruturam o conteúdo no corpo do artigo, indicando primeiro o que os leitores devem se lembrar (por exemplo, como a primeira frase de um parágrafo) e, em seguida, apresentam provas para apoiar esta afirmação.

1.1 INTRODUÇÃO

A introdução reproduzida aqui apresenta os quatro componentes que os leitores acham útil quando começam a ler uma revista científica. Na seção de Introdução, devemos afirmar a motivação para o trabalho apresentado e preparar os leitores para a estrutura do artigo. Esses quatro componente essenciais numa boa introdução, são: contextualização sobre o tema do estudo, necessidades que existem, tarefas e o objetivo do trabalho.

Em primeiro lugar, forneça algum contexto para orientar os leitores que estão menos familiarizados com o tema e para estabelecer a importância de seu trabalho. Em segundo lugar, afirme a necessidade de seu trabalho, como uma oposição entre o que a comunidade científica tem atualmente e o que quer. Em terceiro lugar, indique que você tem feito um esforço para atender à necessidade (esta é a tarefa).

Finalmente, visualize o restante do artigo para preparar mentalmente os leitores para a sua estrutura, no objetivo do trabalho.

1.1.1 Contexto e necessidade
No início da Introdução, o contexto deve ser como um funil: começa amplo e progressivamente diminui até chegar na questão abordada no artigo. Para despertar o interesse em seu público - nos avaliadores e leitores de revistas semelhantes - forneça uma motivação poderosa para o trabalho apresentado no seu artigo. Porém, lembre-se: o fato de que um fenômeno nunca foi estudada antes, não é, por si só, um motivo para estudar esse fenômeno.

Escreva o contexto de uma forma que agrada a uma ampla gama de leitores e leva para a necessidade do trabalho. Forneça apenas o que vai ajudar os leitores a entenderem melhor a necessidade e, principalmente, a importância de sua pesquisa. Considere ancorar o contexto no tempo, usando frases como recentemente, nos últimos 10 anos, ou desde o início de 1990.

Transmita a necessidade do trabalho como uma oposição entre situações reais e desejados. Comece declarando a situação real (o que temos) como uma continuação direta do contexto. Se você acha que deve explicar conquistas recentes em muitos detalhes - por exemplo, em mais de um ou dois parágrafos - considere mover os detalhes para uma seção intitulada Estado da arte (ou algo similar) após a introdução, mas não forneça uma breve ideia da situação real na Introdução. Em seguida, indique a situação desejada (o que queremos). Enfatize o contraste entre as situações reais e desejadas com palavras como, mas, no entanto, ou infelizmente.

Uma maneira elegante de expressar a parte desejada da necessidade é combiná-la com a tarefa em uma única frase. Esta frase expressa o primeiro objetivo, a ação empreendida para alcançar esse objetivo, criando assim uma ligação forte e elegante entre necessidade e tarefa. Aqui estão três exemplos de uma tal combinação:

Para confirmar esta premissa, foram estudados os efeitos de uma gama de inibidores de canais de conexina no...

Para avaliar se tais sensores de várias bobinas são melhores do que os que executam sinais únicos, testamos dois deles - o DuoPXK e o GEMM3 - em um campo onde...

Para formar uma melhor visualização da distribuição global e infecciosidade deste patógeno, foram examinados 1.645 anfíbios jovens e adultos coletados de 27 países entre 1984 e 2006, para a presença de...



1.1.2 Tarefa e objetivo
A Introdução é geralmente mais clara e lógica quando se separa o que os autores fizeram (a tarefa) do que o próprio objetivo do trabalho. Em outras palavras, a tarefa especifica a sua contribuição, como um cientista, enquanto que o objetivo do documento prepara os leitores para a estrutura do papel, permitindo assim a leitura focada ou seletiva.

Para a tarefa, é importante usar quem fez o trabalho (normalmente, você e seus colegas) como o sujeito da frase: nós ou talvez os autores; usar um verbo que expressa uma ação de investigação: nós medimos, nós calculamos, (sempre definir esse verbo no tempo passado).

Os três exemplos que se seguem são tarefas bem formuladas:

Para confirmar esta premissa, foram estudados os efeitos de uma gama de inibidores de canais de conexina, tais como os peptídeos miméticos de conexina Gap26 e Gap27 e anticorpos anti-peptídeos, na sinalização de cálcio em células cardíacas e as células HeLa que expressam as conexinas.

Durante os experimentos controlados, nós investigamos a influência das condições de contorno HMP sobre os fluxos do fígado.

Para combater esse problema, desenvolvemos uma nova técnica de verificação de software chamado de erros alheios, que calcula os valores de erros com base na execução real do programa.

A lista a seguir fornece exemplos de verbos que exprimem ações de investigação e são muito importantes em todas as pesquisas científicas:


Para o objetivo do trabalho, use o próprio trabalho como o sujeito da frase: este trabalho, esta revisão, etc, usando um verbo que expressa uma ação de comunicação: apresenta, resume, etc, e sempre defina o verbo no presente do indicativo.

Os três exemplos que se seguem são apropriados objetivos de trabalhos:

Este artigo esclarece o papel de CxHc nas oscilações de cálcio em miócitos cardíacos neonatais e transientes de cálcio induzidos por ATP em células HL originado átrio cardíaco e em células HeLa expressando conexina 43 ou 26.

Este artigo apresenta os efeitos fluxo induzido pelo aumento da pressão da artéria hepática-e obstruindo a veia cava inferior.

Este artigo discute a teoria por trás dos erros alheios e mostra como essa abordagem pode ser aplicada para a resistência à adulteração do software local e da autenticação remota de código.

A lista a seguir fornece exemplos de verbos que expressam ações de comunicação:




1.2 O CORPO DO TRABALHO

Mesmo a estrutura mais lógica é de pouca utilidade se os leitores não verem e entenderem como progredirem na leitura de um artigo. Assim, você organiza o corpo de seu artigo em seções e subseções, sempre preparando os seus leitores para a estrutura à frente em todos os níveis. Você já fez isso na objetivo do documento no final da introdução. Sendo assim, ao final de cada sessão, escreva um parágrafo que prepara o leitor para a próxima seção ou subseção.

Apesar dos artigos poderem ser organizados em seções, em muitos aspectos, os artigos de trabalhos experimentais tipicamente incluem Materiais e Métodos e Resultados e Discussão em seu corpo. Em qualquer caso, os parágrafos nestas seções devem começar com uma frase tópico para preparar os leitores para os seus conteúdos, permitindo uma leitura seletiva, e - de preferência - passando uma mensagem.

1.2.1. Materiais e métodos
Esta seção deve expressar a ideia principal em primeiro lugar, em uma frase tema, para que leitores saibam imediatamente do que se trata. A maioria das seções de Materiais e Métodos são chatas de ler, mas eles não precisam ser. Para fazer esta seção ser interessante, explique as escolhas que você fez em seu procedimento experimental: O que justifica a utilização de um determinado composto, concentração ou dimensão? O que é especial, inesperado ou diferente em sua abordagem? Mencione essas coisas no início desta seção, de preferência na primeira frase. Se você usar uma norma ou um procedimento habitual, mencione o que vem em seguida também. Não faça os leitores adivinharem: certifique-se de que a primeira frase do parágrafo lhes dê uma ideia clara do que o parágrafo inteiro se trata. Se você acha que não pode fazer isso, considere o uso de uma tabela ou talvez um diagrama esquemático, em vez de um parágrafo de texto.

1.2.2. Resultados e discussão
As tradicionais seções de Resultados e Discussão devem ser combinadas, porque os resultados fazem pouco sentido para a maioria dos leitores, sem interpretação.

Ao relatar e discutir seus resultados, não force os seus leitores a passarem por tudo o que você fez em ordem cronológica. Em vez disso, indique a mensagem de cada parágrafo inicial: transmita na primeira frase o que você quer que os leitores se lembrem do parágrafo como um todo. Foque no que aconteceu e não no fato que você observou. Em seguida, desenvolva a sua mensagem no restante do parágrafo, incluindo apenas as informações que você acha que precisa convencer o seu público.

1.2.3. Conclusão
Na seção de Conclusão, indique o resultado mais importante de seu trabalho. Não basta resumir os pontos já realizados no corpo - em vez disso, interprete as suas descobertas em um nível mais alto de abstração. Mostre que, ou em que medida, você conseguiu abordar a necessidade indicada na sua introdução. Ao mesmo tempo, não se concentrar em si mesmo (por exemplo, reafirmar tudo o que você fez). Em vez disso, mostre o que seus resultados significam para os leitores. Faça a conclusão ser interessante e memorável para eles.

No final de sua conclusão, considere a inclusão de perspectivas - ou seja, uma idéia do que poderia ou ainda deve ser feito em relação à questão abordada no artigo. Se você incluir perspectivas, esclareça à quem você está se referindo, se a si mesmo e seus colegas (Nos próximos meses, vamos...) ou fazendo um convite para os leitores (Uma questão que permanece é...).

Se o seu papel inclui uma introdução bem estruturada e um resumo eficaz, você não precisa repetir qualquer um dos dois na conclusão. Em particular, não reafirme o que você tem feito ou o que a revista faz. Em vez disso, se concentre no que você encontrou e, principalmente, sobre o que seus resultados significam. Não tenha medo de escrever uma pequena conclusão: se você pode concluir em apenas algumas frases, dada a rica discussão no corpo do papel, faça isso. (Em outras palavras, resista à tentação de repetir o objetivo citado na introdução numa conclusão, isso te deixará livre da falsa crença de que uma longa conclusão vai parecer mais impressionante.)

1.3. O RESUMO (ABSTRACT)
Em pouco menos de 200 palavras, o resumo transmite a motivação e os resultados do trabalho, com alguma precisão, mas sem intimidar os leitores pelo seu comprimento. Os leitores de um artigo científico leem o resumo com duas finalidades: para decidir se eles querem ler o documento completo, ou se prepararem para os detalhes apresentados no artigo. Um resumo eficaz ajuda os leitores a alcançar esses dois objetivos. Em particular, devido a normalmente ser lido antes do trabalho completo, o resumo deve apresentar o que os leitores estão interessados ​​principalmente, isto é, o que eles querem saber antes de tudo e acima de tudo.

Normalmente, os leitores estão interessados ​​principalmente na informação apresentada na Introdução e Conclusão de um artigo. Primeiramente, eles querem saber a motivação para o trabalho apresentado e o resultado deste trabalho. Então (e só então) o leitor mais especializado entre eles pode querer saber os detalhes do trabalho. Assim, um resumo eficaz concentra-se em motivação e resultado - isto é, um paralelo da Introdução e Conclusão do seu artigo.

Assim, você pode pensar em um resumo como tendo duas partes distintas - Motivação e resultados - mesmo que sejam editados em um único parágrafo. Para a primeira parte, siga a mesma estrutura que a Introdução: estado do contexto, a necessidade, a tarefa e o objetivo do trabalho. Para a segunda parte, mencione os seus resultados (o que foi encontrado) e, especialmente, sua conclusão (interpretação desses resultados). Se for o caso, finaliza com perspectivas, como na seção de conclusão seção do seu artigo.

Embora a estrutura do resumo seja paralela à Introdução e Conclusão, ele difere dessas seções no público que aborda. O resumo é lido por muitos leitores diferentes, do mais especializado ao menos especializado entre o público-alvo. Num certo sentido, deve ser a parte menos especializada e simples do papel. Qualquer cientista que lê-lo, especializado no tema ou não, deve ser capaz de entender: por que o trabalho foi realizado e por que é importante (contexto e necessidade), o que os autores fizeram (tarefa), o que propuseram a fazer no trabalho (objeto), o que encontraram (resultados), o que esses resultados significam (a conclusão), e, possivelmente, o que os próximos passos indicam (perspectivas). Em contrapartida, o artigo completo é normalmente lido por apenas especialistas - sua Introdução e Conclusão serão então mais mais detalhadas do que o resumo.

Uma resumo bem eficaz sobre um trabalho pode ser plenamente compreendido, mesmo quando não é disponibilizado o artigo completo. Para este fim, evite se referir a figuras ou a bibliografia em resumos. Além disso, introduza siglas de forma abstrata (se necessário), e faça novamente no artigo completo mas com a explicação dela (por exemplo, você pode citar ATP no resumo e no artigo completo escrever, pelo menos uma vez, Trifosfato de Adenosina - ATP, do inglês Adenosine Triphosphate).

A próxima seção deste ebook é: Elaborando seu Artigo Científico. Fique atento que em breve a postarei! Enquanto isso, não deixe de ver a primeira seção: Comunicação para cientistas - Parte 1, que trata dos seguintes tópicos:

- Comunicando como um cientista
- Escrevendo artigos científicos
- Escrevendo correspondências
- Ministrando apresentações orais
- Interagindo durante sessões de conferências
- Comunicando em sala de aula

Boa leitura!

Como as cracas se reproduzem?

Crédito: Lia Caldas / Shutterstock.com

Cracas são invertebrados próximos dos caranguejos e lagostas. Mas ao contrário de seus primos rastejantes, cracas adultas permanentemente estão unidas às superfícies, levantando uma questão interessante: Como é que estas criaturas sésseis encontram companheiros para se reproduzir?

Inúmeros invertebrados imóveis, incluindo moluscos e anêmonas do mar, reproduzem via desova transmitida, em que os animais liberam esperma e ovos na água para fecundação externa. Mas, como Charles Darwin observou em monografias publicadas na década de 1850, a maioria das cracas realmente reproduzem via cópula, ou mais precisamente, pseudo-cópula.

Como muitos outros animais, as cracas só se reproduzem durante a época de acasalamento. O momento exato da estação de acasalamento difere entre as espécies, mas geralmente vai da primavera ao outono, disse o zoólogo e especialista em cracas, Richard Palmer, da Universidade de Alberta, no Canadá.

A maioria das cracas são hermafroditas, o que significa que eles têm tanto órgãos reprodutores masculinos e femininos, e, normalmente, podem funcionar como um macho ou fêmea durante o acasalamento.

Não está claro quais os fatores fazem uma craca escolher o papel temporário que faz, mas "há algumas teorias que sugerem que tem a ver com o número de parceiros imediatamente acessíveis", disse Palmer para o site LiveScience, acrescentando que situações envolvendo uma alta densidade de cracas próximas faz com que a maioria dos indivíduos assumam o papel "masculino".

A ANATOMIA DO SEXO DA CRACA
O acasalamento é possível devido ao longo pênis desses crustáceos. Cracas tem um dos pênis mais longos em relação ao tamanho do corpo no reino animal - em casos extremos, o pênis pode ser até 8 vezes o tamanho do corpo da craca, Darwin observou em suas monografias. [A 7 Weirdest animal Penises].

Curiosamente, o comprimento e a espessura do pênis de uma craca intertidal depende de seu ambiente, de acordo com um estudo de 2008 de co-autoria de Palmer .

Em águas calmas, os pênis das cracas são longos e delgados, permitindo-lhes alcançar o máximo de parceiros possíveis. Mas expostos às ondas, as marés locais favorecem pênis mais curtos e robustos, que são mais facilmente controlados em condições turbulentas.

Além do mais, o tamanho e a forma do pênis de uma craca não está definido por toda a vida. "Se você transplantá-las [de uma área turbulenta para uma área calma], seus pênis serão mais longos e mais finos", disse Palmer.

Para acasalar, a craca com o sexo masculino funcionando irá inserir seu pênis e liberar esperma na cavidade do manto (espaço entre o reservatório e corpo) de uma craca feminina - Devido ao fato dos os espermatozóides não serem liberado no corpo real, isto é considerado uma "pseudo-copulação".

O esperma induz a liberação de ovos, que são fertilizados e desenvolvem em embriões e, em seguida, as larvas dentro da cavidade do manto.

VÁRIOS MODOS DE REPRODUÇÃO
Os cientistas não sabem exatamente como cracas sabem o papel do sexo que seus vizinhos estão assumindo, embora os pênis da craca possuam quimiocerdas que podem ajudar a identificar as as fêmeas funcionais.

"Mas se você vê-las copulando, elas basicamente apenas estendem seus pênis e tipo, saem batendo à porta de todo mundo", disse Palmer. "Não parece que eles estão à procura de qualquer parceiro particular."

Uma vez que um parceiro receptivo é encontrado, no entanto, o acasalamento pode ocorrer várias vezes ao longo de um determinado período, e envolvem múltiplos parceiros.

Por exemplo, em um estudo sobre a craca Tetraclita japonica, em 2006, os pesquisadores viram uma única "fêmea" aceitarem 582 inserções de pênis de 11 "machos" ao longo de um período de cerca de 8,5 horas (cada inserção durou, em média, cerca de 2,4 segundos).

A pesquisa também sugere que algumas espécies não precisam estar submersas em água para acasalar. Em um estudo prestes a ser publicado na revista Marine Biology, Palmer e seus colegas descobriram que a craca gooseneck do Nordeste do Pacífico (Pollicipes polymerus) poderia alargar o seu pênis no ar e acasalar entre períodos de ondas quebrando suavemente.

Pseudo-cópula pode ser o modo de reprodução mais comum para cracas, mas não é a única maneira de se reproduzir.

Há alguns anos, Palmer e seus colegas descobriram que as cracas Pollicipes polymerus, que estavam muito longe de outros adultos para copular, de alguma forma possuíam ovos fertilizados. Embora algumas espécies de cracas sejam conhecidos por se auto-fertilizarem, testes mostraram que os ovos fertilizados continha material genético a partir de outros indivíduos, de acordo com o estudo dos investigadores, em 2013.

A descoberta sugere que cracas Pollicipes polymerus, no mínimo às vezes acasalam via combinação espertmática, em que os machos funcionais liberam na água seu esperma, que é, então, de alguma forma, capturado por fêmeas funcionais.

Fonte: LiveScience

Fungos, sociedade e meio ambiente: caminhos para o desenvolvimento sustentável



Pode parecer estranho para muitas pessoas, mas os fungos podem ajudar a resolver muitos desafios da sociedade, que abrangem desde a recuperação da poluição ambiental até a aquisição de uma vida mais sustentável. Para melhor compreender como os fungos são tão importantes para o planeta, é necessário conhecer o seu estilo de vida, isto é, seu papel ecológico nos ecossistemas.

O micélio dos fungos pode ser encontrado ocupando cada centímetro quadrado da Terra, formando uma verdadeira “rede que abraça o planeta”. Ao mínimo contato com o solo, como por exemplo, quando você pressiona seu pé contra a terra, quando chove ou ao cair uma árvore, a rede micelial é capaz de responder, desencadeando uma sinalização química em várias direções que altera seu crescimento e comportamento. Por isso, o micólogo Paul Stamets compara a rede micelial fúngica com uma “rede neurológica” da natureza e a uma “super via biomolecular”. Embora para alguns, a descrição de Stamets pode soar metafisicamente inadequada, o micólogo está correto ao considerar que, tal como uma rede neurológica atua nos animais, a rede micelial auxilia a gerir os ecossistemas terrestres há várias eras. E se nós aprendermos a aproveitar esse potencial, poderemos ajudar nós mesmos a construir um mundo mais sustentável.


Aparelho digestivo da natureza


Muitas espécies de fungos são decompositoras na natureza – uma interface entre a vida e a morte. Essas espécies passam a maior de seu tempo no ambiente subterrâneo, degradando os tecidos vegetais e animais mortos, molécula por molécula. Com isso, os fungos podem degradar nutrientes que as plantas não são capazes de utilizar para a sua dieta em compostos acessíveis por esses organismos, contribuindo, dessa forma, para o processo da ciclagem de nutrientes na natureza. 

Além disso, o micélio do fungo pode explorar o solo com uma capacidade a qual as raízes de plantas não são capazes de desempenhar, disponibilizando, assim, nutrientes de baixa mobilidade e de  acesso restrito no solo para os vegetais. Esse é o caso das micorrizas, uma associação simbiôntica mutualística entre fungos e raízes de plantas – e uma das simbioses mais importantes no planeta. Muitas plantas jamais conseguiriam atingir a maturidade se não fossem beneficiadas pelo estabelecimento dessa simbiose, a qual permite o suprimento de nutrientes críticos para o desenvolvimento vegetal, como por exemplo, o nitrogênio e o fósforo. 

Paul Stamets, micólogo , defensor da "micorremediação".

Poluição ambiental


Em 2011, um grupo de estudantes de graduação de Yale, em uma expedição de campo para a Amazônia equatoriana, se deparou com algo extraordinário: Pestalotiopsis microspora, um fungo tropical capaz de se alimentar do poliuretano, plástico utilizado para a confecção de diversos materiais úteis a sociedade. Após os materiais que contém poliuretano serem destinados a aterros sanitários, esse composto permanecerá na natureza por várias gerações devido a sua difícil degradação. Mas se os Pestalotiopsis forem utilizados para auxiliar nesse processo, o cenário pode ser muito diferente. 

Ademais, a descoberta de Pestalotiopsis não é um caso isolado: micólogos espalhados pelo mundo inteiro já identificaram cogumelos capazes de inserir em sua dieta compostos mais problemáticos ambientalmente, como o petróleo, e metais pesados e tóxicos, como o chumbo, arsênico e mercúrio, sem efeitos colaterais aparentes. Há até mesmo cogumelos capazes de se alimentar de resíduos radioativos. Tudo isso retoma a ecologia desses organismos: os fungos evoluíram para ocupar um papel ecológico muito específico – ser o “aparelho digestivo’ do nosso planeta. 

Atualmente, os cientistas querem usar a digestão fúngica em nosso favor, utilizando esses organismos para limpar nossa “sujeira” no meio ambiente. O micólogo Stamets encontra-se envolvido com numerosas inciativas de “micorremediação’, incluindo uma a qual investiga-se como os fungos podem auxiliar na recuperação dos impactos da radiação em Fukushima. Tais avanços nas pesquisas nos alertam para que, apesar da má reputação entre a maior parte da população - a maioria das pessoas, ao pensar em fungos, imediatamente os associam ao mofo ou a alguma doença de pele - os fungos podem ser poderosos aliados para a manutenção do equilibro do planeta. 

Para saber mais sobre o assunto, acesse aos vídeos do Paul Stamets no Youtube. Para começar, o EQB indica esse aqui: http://goo.gl/wqN1L!


Fonte: The Technology That Will Build Our Future May Be Found In Mushrooms. Disponível em: www.gizmodo.com

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